domingo, 14 de novembro de 2010

Misericórdia em Família

Old woman's hands tucked between her legsphoto © 2009 Horia Varlan | more info (via: Wylio)

Durante o ano de 2009, ouvi toda semana a seguinte frase: “Se soubésseis que é misericórdia que quero e não o sacrifício, não condenaríeis os inocentes “ (Mt 12, 7). Assim, padre Júlio Munaro nos questionava em suas aulas na Pastoral da Saúde.

Mas na prática como acontece esta misericórdia? Também fazia outro questionamento: Acaso quando você deixa de ir a Missa para cuidar de uma pessoa na família doente, você não estaria deixando de cuidar de um Deus para cuidar de outro Deus? Forte isto não é mesmo?

Por isto nossa reflexão hoje: Unir nossa família que está passando por um período de graça e que nem sempre conseguimos ver e sentir. É isto mesmo. A graça de Deus que acontece em nossa vida, quando estamos doentes ou quando temos que cuidar de uma pessoa querida que está doente ou que está no final da vida. Se pudéssemos nos deixar levar pela força do amor, viveríamos tempo de paz, de conforto. Nós viveríamos intensamente dias de unidade, de partilha. É claro que há um cansaço, que há desespero, afinal não gostamos de ver ninguém sofrendo. Mas hoje eu não quero falar da graça da cura ou milagre do corpo. Falo da cura e do milagre do coração.

Quando minha avó foi diagnosticada com câncer há três anos, o médico do Hospital do Câncer de Barretos, nos disse: Não há o que fazer, agora ela precisa de qualidade de vida. Na hora pensei naquela loucura. O que será qualidade de vida para quem vai sentir dor e morrer? Depois compreendemos que era estar junto, com alegria. Demos boas risadas com ela. Quando cheguei à casa de meus pais para aqueles que seriam seus últimos dias, estavam todos dormindo no mesmo quarto. Minha avó e meus pais. Depois, chegou meu irmão e nos juntamos a eles. Até hoje sinto aquela paz. Ficamos juntos e nos sentimos livres para amar, sem julgar ou condenar. Esquecemos as tristezas, as mágoas e vivemos intensamente aqueles dias no amor de Deus. Quando padre Ademar disse em sua homilia que Deus nos julga por aquilo que fizemos de bom, pelo lado positivo, compreendi a graça que aconteceu naqueles dias de doença e morte na família.

Que possamos compreender que todos os dias são momentos de reconhecer e nos apropriar da graça de Deus acontecendo em nossa vida e que na doença e na morte ela acontece também.

Um comentário:

  1. Realmente a doença acaba nos unindo. Este ano perdi minha mãe e lutamos dois anos pela sua vida que aos poucos ia se esvaindo com uma depressão profunda. Ao mesmo tempo que sabemos estar ela agora nos braços de Jesus e de Maria, ainda assim, sentimos saudade de termos de levá-la quase toda semana ao médico, psiquiatra, laboratórios e visitá-la, ligar pra ela, ouvir sua voz. Família é assim pra viver as alegrias e as tristezas e agora a profunda saudade. É bom compartilhar com todos os irmãos nossas dores e sabermos que todos passam por esta vida almejando estar ao lado de Deus na vida que é a eterna.

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